terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um Beatle entre nós.

Sim! Eu vi um Beatle, ou melhor dizendo eu vi o meu Beatle.
Quem me conhece sabe que o Paul é meu Beatle favorito. Chego até a identificar algumas semelhanças entre nossas personalidades. Nas coisas boas e principalmente nas coisas ruins. Nem sempre nosso perfeccionismo exacerbado nos faz ser pessoas agradáveis.Bom, relatos fieis e jornalísticos sobre o show de ontem podem ser achados às pencas pelos blogs por aí. O que tentarei fazer (em vão, diga-se de passagem) é tentar registrar as minhas lembranças desse show memorável.

Pra começar devo expressar minha gratidão ao novo grupo de amigos que fiz em função desse show. Pessoas que não são tão doentes por Beatles quanto eu mas entendem perfeitamente minha obsessão. Povo esse que me buscou em casa e me acompanhou no suplicio da fila. Muito obrigado mesmo!

Desde que acordei lá por umas 8 da manhã estava com um sentimento estranho. Já se sentiram flutuando? Era mais ou menos isso. Um misto de ansiedade e apreensão. Talvez medo de por algum motivo não conseguir ver meu herói de infância e adolescência. Depois veio toda aquela espera torturante na fila. Mas enfim, depois de umas 8 horas de espera finalmente entramos no Beira-Rio.

Aí começou! Ao ver aquele palco gigantesco me caíram as primeiras lágrimas. Que rapidamente consegui esconder secando no lencinho que fora distribuído na entrada do estádio. Nunca tinha entrado em um estádio para ver um show. Fiquei olhando em volta e imaginando como seria aquilo cheio de gente. Não precisei esperar muito pra ver isso acontecer. Em pouco tempo o estádio estava lotado. Mais espera. Relativamente tranqüila a não ser por um trio bizarro (um DJ, um guitarrista e um saxofonista tocando em cima de música alheia) que arriscou tentar fazer uma abertura pro show. Realmente não faço idéia de quem sejam e muito menos do que estavam fazendo ali. Enfim...

20:30 começa a rolar um vídeo muito doido no telão (coisa de Beatle) com uma trilha bem bacana. Muito melhor do que a suposta banda (?) de abertura. Poderia ficar vendo aquele vídeo à noite inteira. Mas algo melhor estava por vir. Eis que o relógio marca 21:00 horas, o horário marcado para o show. Nada. Ele é inglês não deveria se atrasar. Mas o susto durou pouco 21:09 mais ou menos Paul McCartney sobe ao palco. Sim! Paul McCartney estava ali a poucos metros de distância.

Começa com a matadora seqüência de: Venus & Mars / Rockshow / Jet (todas dos tempos do Wings). Cumprimenta em português e manda All My Loving. Aí aconteceu o que imaginei que aconteceria: chorei como poucas vezes já chorei ou ainda vou chorar nessa vida. A partir de então atirei a toalha e desisti de tentar esconder as lágrimas e muito menos de contar quantas vezes ainda iria chorar.

Seguiram-se:

- Letting Go (bela escolha para um show)
- Drive My Car (com a mesma projeção de fundo da turnê de ’93)
- Highway (música do ótimo projeto paralelo do Paul: The fireman)
- Let Me Roll It (momento Paul Guitarreiro solando em cima da base de Foxy Lady no final)
- The Long And Winding Road (começou aqui o momento Paul piano)
- Nineteen Hundred And Eighty-Five (música que nunca achei que veria ao vivo)
- Let 'Em In (outra ótima música pra show)
- My Love (música para os enamorados da noite, grupo esse ao qual eu não pertenço mais)
- I've Just Seen A Face (início do momento Paul Violeiro)
- And I Love Her (tão antiga e ainda assim tão bela)
- Blackbird (a projeção ao fundo dessa música foi algo!)
- Here Today (música feita logo após a morte do John. Não só eu mas o estádio todo chorava torrencialmente nessa hora)
- Dance Tonight (e eis que a alegria voltou! Destaque para as dancinhas do baterista e pro Polvo Paul tocando bandolim)
- Mrs Vandebilt (Paul volta ao violão pra essa feita pra ser cantada a plenos pulmões)
- Eleanor Rigby (destaque pras projeções de fundo novamente)
- Ram On (Paul não cansado de trocar de instrumentos agora pega um Ukelele pra mandar essa)
- Something (homenagem ao Beatle George, começou com só o Paul no Ukelele depois veio a banda toda)
- Sing The Changes (Paul volta ao baixo para mais uma do The Fireman. Homenagem ao Obama)
- Band On The Run (momento muito esperado por muitos. Eu inclusive)
- Ob-La-Di, Ob-La-Da (eis a prova de que foi o Paul que inventou o bailão)
- Back In The USSR (música divertidíssima pra quem entende o mínimo que seja de historia)
- I've Got A Feeling (Paul volta a guitarra. Só que dessa vez é a mesma guitarra que ele usa desde o tempo dos Beatles)
- Paperback Writer (ele e a banda conseguiram reproduzir fielmente essa harmonia vocal complicada)
- A Day In The Life / Give Peace A Chance (ótimo medley, mais uma homenagem ao John)
- Let It Be (Paul ao piano. Não bastando o som, na projeção de fundo aparecem umas velas gigantes, as luzes se apagam e começa a rolar uma brisa muito agradavél)
- Live And Let Die (sem exagero a coisa mais incrível que já vi na vida)
- Hey Jude (Tocada num piano elétrico pra lá de psicodélico. Foi a hora em que todo o estádio cantou junto mesmo depois de ele sair do palco. Lindo!)

Bis:

- Day Tripper (nunca achei que veria esse música ser tocada numa versão tão pesada)
- Lady Madonna (de novo no piano psicodélico)
- Get Back (rockão!)

Bis do Bis:

- Yesterday (incrível ver como ele ainda gosta de cantar a música mais regravada de todos os tempos)
- Helter Skelter (quantos anos ele tem mesmo? 68? G-zus!)
- Sgt Peppers Lonely Hearts Club Band / The End (não poderia existir uma seqüência final melhor do que essa)

Além disso, teve ele falando (muito) português, as duas meninas que ganharam autógrafo no braço, etc. Como eu disse no começo não pretendia fazer um relato jornalístico mas sim registrar minhas memórias. Encerro fazendo minhas as palavras de uma jornalista que vi hoje na tevê:

“Algo mudou dentro de mim depois de ver Paul McCartney. Ainda não consigo descrever direito o que é. Talvez daqui a uns 20 ou 30 anos eu consiga.”



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