domingo, 2 de dezembro de 2012

Epitáfio

Quero ser sublime como uma memória de criança
Como um devaneio de uma tarde quente
Como algo com que se relaciona sem pesar.

Nada além de um dia ensolarado
Que se põe para que outros dias venham
Sejam eles ensolarados ou não.

Quero apenas passar
Apenas viver
Apenas sentir.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Love Interruption


Primeira música de trabalho da carreira solo do Jack White (my hero!) e logo que ela saiu o comentário geral foi de que era "leve" demais. De cara saquei o porque da sutileza na melodia, era para dar enfase a letra. E a reflexão que ela gera.

Bom agora devidamente contextualizada vamos as minhas impressões:

Assim como minha opinião sobra todas as coisas,
acho simplista demais reduzir seja o que for à velha dualidade classica de bem & mal. O amor é um bom exemplo disso. Justamente por ser um sentimento tem muitas variações e conforme a intensidade desse sentimento essas variações podem ser terrivelmente boas e ruins. É isso que ele me passa tanto na letra quanto na interpretação. Ele quer amor. Intenso. Mas tem medo porque sabe onde e como isso pode acabar.

Não que o (sentimento) amor em si seja ruim, nós é que nos tornamos ruins por ele. É a isso que me refiro quando falo sobre a interpretação. Na parte mais foda da letra (na minha opinião) logo depois de repetir querer um amor que transforme os amigos em inimigos, ele dá um olhar extremamente sincero e diz: "E me mostre como tudo isso é culpa minha".

Não é o amor que faz todas essas coisas más, são as pessoas. Sempre as pessoas.


Love Interruption - Jack White

"I want love to
Roll me over slowly
Stick a knife inside me,
And twist it all around.

I want love to
Grab my fingers gently
Slam them in a doorway
Put my face into the ground

I want love to
Murder my own mother
And take her off to somewhere
Like hell or up above.

I want love to
Change my friends to enemies,
Change my friends to enemies
And show me how it's all my fault.

I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
Yeah i won't let love disrupt, corrupt, or interrupt me
Anymore.

I want love to
Walk right up and bite me
Grab ahold of me and fight me
Leave me dying on the ground.

And i want love to
Split my mouth wide open and
Cover up my ears,
And never let me hear a sound.

I want love to,
Forget that you offended me
Or how you have defended me,
When everybody tore me down.

Yeah i want love to
Change my friends to enemies,
Change my friends to enemies
And show me how it's all my fault.

Yeah i won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
I won't let love disrupt, corrupt or interrupt me
I won't let love disrupt, corrupt, or interrupt me
Anymore."




segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Cartas a Trépia - 02


Caxias do sul, terça-feira - 31/1/12, 22:05

Cheguei aqui em Caxias agora a pouco. Meu bus encostou na rodoviária umas 19 e pouca e
com toda a cara de pau que me é peculiar fui jantar no restaurante do hotel. Mesmo após ter sumido por duas semanas.
Mas foi por um bom motivo. Esse findi teve em Poa o Fórum social temático, ficou sabendo?
Nas vésperas do negócio cancelaram tudo que eu queria ver: Fito Paez, Manu Chão, Nação Zumbi e Gogol Bordello.
Teve durante a semana Nando Reis e também Gilberto Gil (que mais uma vez perdi) mas ficava muito ruim de eu ir porque era no meio da semana.
Teve sexta em São Léo, Autoramas e B. Negão mas como deu tudo errado na minha volta sexta, fiquei mordido e não fui.

Estava no bus ainda sexta quando o P. me ligou, perguntando se eu iria fazer alguma coisa na sexta.
Só cheguei em casa e nem saí mas fiquei de ligar pra ele no sábado. Decido passar na casa dele pra irmos juntos ao fórum.
Caminho esse que muito fiz em 2010. Esse até agora ta sendo o ano de repetir meus caminhos.
Conversamos sobre tudo e todos e principalmente sobre a relação dele com as drogas.

O show de encerramento do fórum que depois dee cancelarem o Gogol Bordello, passou a ser Racionais Mc’s tava marcado para as 23:00 hrs,
chegamos lá pouco antes disso. Encontramos pouquíssimos amigos e o número de “roqueiros” depois que a ultima banda antes do Racionais
acabou caiu quase a zero. Éramos os únicos pontinhos brancos lá no meio hsauhsauhsuahsu.
O show foi mega tenso, teve arrastão e tudo mais, bom pra caralho! Acho que foi a primeira vez que vi um show de rap de verdade, uma aula de atitude.
Depois como estávamos muito pilhados pra só voltar pra casa decidimos ir pra CB.
Tudo fechado, tinha esquecido da maldita lei que fecha os bares mais cedo. Acabamos por terminar no Bambu’s conversando sobre tudo e todos, de novo.

Na volta, na parada do Jack sobem no bus o S., o G. (não sei se tu conhece) e a noivinha tentação dele.
O G. já conheço a bastante tempo mas a noiva dele conheci no réveillon/despedida lá da refazenda.
Tentação porque além de ela ser exatamente o meu tipo de mulher e termos nos entendido muito bem. Ela se vaza pra mim direto.
Ela também lembra muito alguém do meu passado...
Voltando a cena do bus: G. sem a menor cerimônia vem e me pergunta “Tu é compositor né?”.
Fico meio sem jeito em dizer que sim. Faço música mas não me acho compositor.
Mesmo meu sim meio torto é o suficiente pra ele e a noiva abrirem o coração e quase implorarem minha ajuda.
Disseram que tem um monte de coisas escritas mas não sabem como trabalhar elas. Fiquei de ir visitá-los pra tomar uma ceva e ver se rola alguma coisa.
Apesar de não me ver compartilhando tão de barbada as coisas que faço. Tenho um universo todo próprio quando escrevo, seria ótimo dividir com alguém.
Mas não sei não...

No sábado ainda fico sabendo que domingo de tarde teria uns shows em cachoeirinha domingo a tarde.
Como estão em obras lá em casa decido ir mesmo com o sol todo que fazia naquela tarde. Passei uma tarde bem agradável com a Irp.
Tanto que ela veio me dizer isso no MSN segunda. Abriu minha janela e mandou do nada
“Ontem me esqueci de falar, acho que tava muito bêbada. Mas adoro tua companhia, me faz tão bem” além desse nosso contato
foi a coisa mais inesperadamente fofa que me aconteceu nos últimos tempos.

Segunda passei o dia em função do show da Karina Buhr no opinião. (Que é o que estou ouvindo enquanto escrevo)
Desde que conheci o som dela, em 2010, espero pra assisti-la ao vivo. Ela tem só os 2 melhores guitarristas do país tocando com ela:
Edgar Scandurra (ex-Ira!) e Fernando Catatau (o Cidadão Instigado) por aí já dá pra tirar uma base.
Ela é uma baiana que se criou em recife sob a influência de toda aquela cena de lá. Aula de performance, verdade e energia. Recomendo muito o som dela!

Karina que me deu a resposta pra agir com os “músicos” caso eles resolvam me chamar pra banda.
Não vou tentar entrar no perfeccionismo sem tesão deles, vou ser eu mesmo e ver no que pode dar.



Beijos e obrigado por existir.
Rebel

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Cartas a Trépia - 01


[Inicio aqui uma série de textos totalmente ficcionais, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.]


(Hoje é domingo 22/1, 22h40min, estou na rodoviária de Porto Alegre, me dirigindo a Caxias. Tenho uma Heineken long neck e um maço de cigarros L&M azul como companheiros.)

Começo agora uma série de mensagens que espero, além de manter contato, sirvam de válvula de escape para as coisas que penso e sinto.
Tudo bem?
Acredito que o fato de mesmo distante tu ainda se importar comigo; mostra que posso compartilhar minhas maluquices contigo.
Sem medo de isso ser usado contra mim, algum dia.
Estou certo? Tomara.
Pretendo te escrever cada vez que voltar pra “casa” (seja ela onde for) que é onde consigo viver de verdade, O que é bom. E pensar, isso já não é tão bom.
Enfim:

Acho que posso começar te contando que sábado 21/1, fui ensaiar com músicos de verdade (Bleaahhh!). Foi engraçadamente estranho. Tudo começou na semana passada, quando o C. postou no face que precisava de vocal de Led Zeppelin. Para sábado.

Eu só de arreganho respondi o chamado com um singelo: “Onde?”. Ele mordeu a isca e me mandou uma resposta desesperada dizendo a hora, o local e a razão. Pensei por um minuto em sacanear meu amigo.
Mas mesmo tendo saído na sexta, tomado todas e acordado de ressaca. Algo me fez comparecer ao tal ensaio. (Meu ônibus acaba de encostar agora.)

Subi a mesma rua para chegar ao mesmo estúdio do mesmo jeito que tantas vezes fiz na minha adolescência. Chegando lá encontro um C. tão feliz e saltitante como era na minha adolescência, só que agora com um desconfortável ar de superioridade. Pergunta o que tenho feito e não se importa nem um pouco com a resposta. Mas mesmo assim deu pra sentir o espanto dele ao me ver tão introspectivo. Com certeza bem diferente do Rebel maluco que ele devia lembrar. (Pausa para entrar no ônibus.)

O ensaio foi tecnicamente impecável e isso é o que foi estranho. Tanto o C. quanto o guitarrista são professores de música. O baixista eles conheceram pelo Twitter e era a primeira vez que o viam pessoalmente. Esse também todo metido a virtuose. O único não-músico naquela sala era eu. Mas também era o único roqueiro de verdade ali, já que as esposas de todos ou estavam ali ou estavam esperando em casa. Só eu estava de ressaca.

Ressaca essa que me remetem a sexta 20/1.
Depois de uma jantar uma bela e enorme lasanha, meu amigo T. me convida pra beber. Disse que tinha parado de beber a algumas semanas por causa de um remédio que ele estava tomando.
Decidimos ir para o Jack.
Queria ver gente conhecida. Quanto mais, melhor. E em cachoeirinha o Jack é o lugar mais certo para isso.

Chegamos lá estufados de tanta lasanha e começamos a cumprimentar os amigos. O T. bem mais do que eu, lógico.
Eis que vejo o P. e sinto algo ruim. Sabia que ele não estava bem. Chego perto para conversar e ele está em outra dimensão. Tinha tomado LSD e não fazia e nem dizia coisa com coisa.
Foi triste ver que não poderia fazer nada pelo meu Brother. Não dessa vez.
Tudo que pude fazer foi deixá-lo ali e recomendar a gurizada pra ficar de olho nele e me chamar caso necessário.

Entramos e como o objetivo era beber. Tomamos de cara uma dose de tequila cada um. Tinha combinado de encontrar lá a Lea e a Haiti. Que nesse momento são fisicamente o que tu é na minha cabeça. Sinto que tanto posso passar a noite toda contando piada para elas, como também posso pedir colo e chorar feito um bebê.

Apesar de estar precisando desesperadamente dessa última parte ainda sinto vergonha em pedir...

Sinto um instinto fortíssimo de proteção pelas pessoas que gosto. E com elas, assim como é contigo, é assim. Mas isso também é um problema porque com minha primeira namorada e primeira esposa, começou assim.
Acho que talvez isso faça eu me afastar das mulheres que gosto. O medo de misturar as coisas dentro da minha cabeça e estragar algo belo. Dói demais a distância e o silêncio que isso causa. Mas doeria ainda mais magoar pessoas que desejo tudo de melhor.

Nossa... Nunca achei que conseguiria expressar isso tudo com palavras. Muito obrigado.
Mesmo que tu não leia tudo, saiba que foi e será muito importante esse canal para mim.
Quando se cansar pode jogar tudo na lixeira. Não ficarei bravo, é só não me contar.

Ahhh e muito importante! Só porque vou te contar todas essas coisas,não significa que tens obrigação de fazer o mesmo. Viu?


Muito obrigado mais uma vez.
Por tudo.

Rebel.